domingo, 19 de junho de 2011

Funções e disfunções do livro para crianças

Segundo a autora Graça Paulino questionar as funções da literatura ou da arte em geral é passar por um terreno pedregoso. Como vemos na literatura infantil contemporânea, onde ela tem que ser doce e ao mesmo tempo deve ser útil, atendendo as demandas históricas desses pequenos cidadãos em uma sociedade em crise. Então pensando criticamente ela nos chama a indagarmos sobre as razões da atual superprodução de livros para crianças no Brasil, onde não houve grande mudança na condição financeira dos menos favorecido, as livrarias vem diminuindo cada vez mais e as bibliotecas esquecidas pela alegação de falta de verbas.
Assim como o letramento literário, que esta acessível a uma minoria insignificante da população, onde essa leitura é forçada na escola. Os alunos são forçados a ler com desgosto livros que eles não escolheram e do qual nada transferem para o seu crescimento cultural. O que acaba fazendo com que o “doce” e o “útil” fiquem perdidos. O que fica marcado nesse processo, é a revelação das contradições de um sistema perverso onde o consumismo extremamente fútil se revela do
âmbito privado ao âmbito publico.
No caso do livro infantil quem realmente tem o maior poder de compra são os orientadores escolares e segundo a autora talvez esteja aí uma das justificativas para tanta produção literária dócil, bem comportada que vai para as bibliotecas escolares e para as casas dos alunos, indagando onde estaria aquela literatura que se torna realmente doce e útil ao colocar o leitor na tradição estética de estranhamento, de questionamento do real e das linguagem cristalizada no senso comum. Sendo assim, se o livro infantil deve se doce e útil que ele seja para seus verdadeiros leitores. Quando a escolha do livro não passa pela criança, passa pelo pedagogismo moralizante e utilitarista, feito pelos divulgadores de algumas editoras que não percorrem mais as livrarias, apensa escola, buscando pedagogos e não as crianças.
A escola ao negar a própria natureza da literatura, continua ditando “o que o outro pode dizer e ler”, sem considerar as especificidades do aluno. Porém no momento político em que esta repleto de falas otimistas, redondas, mansas, a indagação é de como defender espaço para o estranhamento questionador. Onde a critica da cultura precisa reencontrar sua dimensão literária, especialmente em respeito as instâncias de produção e recepção do livro infantil. A autora conclui então, evidenciando que para romper em ciclo de submissão, padronização contrario ao letramento literário é necessário manter viva a discussão sobre valores estéticos e suas funções, restabelecendo também a consciência do professor, do supervisor ou do orientador, que são os mediadores escolares da leitura, onde o que deve nos interessar é a formação de leitores verdadeiramente conscientes, para formar a possibilidade de um mundo que ainda não esta pronto mas se formando para as diferenças, pluralidades e para a verdadeira democracia. Cabe a nós futuros pedagogos, supervisores, orientadores e profissionais da educação rompermos com essa leitura sem sentido algum para os alunos promovendo uma leitura que abre os horizontes, a imaginação e o vocabulário dessas crianças.

Referência:
PAULINO, Graça. Funções e disfunções do livro para crianças. In: Das leituras ao Letramento Literário.Belo Horizonte : Fae/UFMG E Pelotas : EDGUfpel, 2010.

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