domingo, 19 de junho de 2011

Literatura Infantil brasileira (1960 - 1980)

A Literatura Infantil Brasileira sofreu ao longo de sua existência transformações a fim de se adequar as novas expectativas e exigências da sociedade contemporânea, dessa forma Marisa Lajolo e Regina Zilberman propõem em Literatura Infantil Brasileira: História & Histórias uma discussão sobre essa temática. Dividido em sete capítulos (sendo o último destinado a cronologia histórico-literária) o livro abrange o processo de mudança da Literatura Infantil desde o período da república velha até a redemocratização do país. Como recorte esse presente texto discutirá apenas o sexto capítulo, no qual se refere à literatura da década de 60 em diante.
A partir dos anos de 1960 presenciamos no Brasil uma explosão de publicações voltadas para as crianças e jovens, isso se deve a vários fatores, o principal deles é a consolidação do capitalismo no país, onde a iniciativa privada de editoras e gráficas oportunizou uma maior infra-estrutura dos meios de circulação literária e consequentemente um campo atrativo para os escritores. O que vemos é um número exorbitante de obras e autores que hora rompe com a tradicional Literatura Infantil hora resgatam traços de um período Lobatiano.
Com o mercado de livros super aquecido e uma concorrência acirrada, os escritores se vêem obrigados a lançarem uma grande quantidade de volumes para se estabilizarem no campo. O resultado é uma produção em série, no qual o mesmo personagem aparece em histórias diferentes, o que lembra muito a estratégia seguida por Monteiro Lobato.
O objetivo da literatura nesse período segue em várias vertentes. Alguns autores em seus trabalhos preferem focalizar os problemas sociais e a marginalização da infância, assim os textos retratam a vida de crianças pobres, negras e com todas as dificuldades que uma sociedade moderna pode ter. Neste sentido temos uma inovação no modo de pensar o texto para os pequenos, já que tal tema era até então considerados impróprio para eles.
Outra tendência é uma narrativa voltada para história policial e de ficção científica, nos quais as crianças em sua maioria aparecem como protagonista. É interessante observar o confronto existente entre o mundo dos grandes e dos pequenos, as crianças representam uma espécie de herói por conseguirem resolver todo o problema causado pelo vilão que é sempre um adulto.
Por último a literatura buscou uma ruptura com a poética tradicional, essa seria a maior inovação deste período. Os autores ao produzirem seus textos rompem com uma literatura tradicionalmente escolar e moralista e assume o papel de narrador repleto de dúvidas e inseguranças, típico do modernismo. As obras passaram a incorporar temas do cotidiano em uma linguagem mais coloquial. Presenciamos também uma articulação entre o texto e a imagem onde este último não admite mais ser apenas uma ilustração assumindo assim um papel autônomo do texto escrito ou pelo menos um complemento dele, um texto visual.

Referência:
LAJOLO, Marisa e ZILBERMAN, Regina. Literatura Infantil Brasileira: História e Histórias. São Paulo, Ática, 1984.

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