"Se, por não sei que excesso de socialismo ou barbárie, todas as nossas disciplinas, devessem ser expulsas do ensino, exceto uma, é a disciplina literária que devia ser salva, pois todas as ciências estão presentes no monumento literário”.(Barthes)Marisa Lajolo inicia esse capitulo de seu livro: Do Mundo da Leitura para a Leitura do Mundo com o fragmento do texto de Barthes citado acima, para nos dizer que a literatura perpassa todas as disciplinas, é multidisciplinar, e transversal. E que a concepção que se tem de literatura muitas vezes é deixada de lado em discussões pedagógicas. Seleciona alguns argumentos os depoimentos colhidos de professores de varias escolas, cuja fala e angustias são as mesmas, implicando sempre no descaso e desinteresse dos alunos e no desânimo dos professores. E o que surge nas linhas e entrelinhas desses depoimentos é a figura de um professor que se percebe como guardião do templo. Portanto é ai que reside o problema, pois, o texto literário é o objeto do zelo e do culto a esse templo, é a razão de ser desse templo, é também o objeto do incomodo e do desinteresse desses fieis que não pediram para ali estar. Então talvez seja desse desencontro de expectativa entre o professor e o aluno que a linguagem pela qual costuma se falar sobre o ensino da literatura desfile o amargor e o desencanto. A autora ainda cita Fernando Pessoa: “Ai que prazer não cumprir um dever, ter um livro para ler e não fazer”, para fomentar ainda mais a discussão. Pessoa se solidariza com as ovelhas “rebeldes” declarando sua aversão à leitura. E também para ilustrar e nos dizer que o professor está à mercê das editoras que já entregam os livros prontos. O professor deixou de ser responsável por preparar suas aulas e isso contribuiu para um distanciamento do mundo da leitura da leitura do mundo, pois, Marisa considera importantíssimo contextualizar historicamente o texto que se lê. Houve também um pesquisa realizada pela Editora Abril, onde vários professores apresentam sugestões até bem intencionadas, mas, que reduzem o atrito e aumenta a digestibilidade da aula, porém lidam superficialmente com a questão que é como está sendo a leitura literária na escola, resolvendo o problema pelo seu contorno. Porém Marisa Lajolo ainda considera que o que fazer com o texto literário na sala de aula, não seja ainda da competência do professor, voltando a falar das editoras que preparam os livros didáticos e paradidáticos como quase monopolizadores do mercado escolar, deixando para o professor um script de autoria alheia. Nesse sentido convêm discutir sobre o conceito de Motivação, porque é em nome desse conceito que a obra literária pode ser completamente desfigurada na prática escolar. Ou o texto dá um sentido ao mundo ou ele não tem sentido nenhum. E a autora finaliza esse capitulo dizendo numa ultima perspectiva que o desencontro literatura-jovens que explode dentro da escola parece sintoma de um desencontro que os professores também vivem: o aluno não lê, o professor também não, os alunos escrevem mal o professor também. Mas sinalizando esses problemas e outros ajuda a supera los e superando-os pode se cumprir nas aulas o espaço de liberdade e subversão que, em certas condições instauram se pelo e no texto Literário.
ReferênciaLAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. Cap. I - "A leitura literária na escola". Editora Ática
Marisa Philbert LajoloBacharelou-se e licenciou-se em Letras pela Universidade de São Paulo (1967), onde também concluiu Mestrado e Doutorado em Letras, Teoria Literária e Literatura Comparada, entre 1975 e 1980. Fez pós Doutorado na Brown University e vários estágios de pesquisa na Biblioteca Nacional de Lisboa, na Biblioteca Saint Genevieve (Paris) e na John Carter Brown Library. Atualmente é professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie e mantém vínculo como professora colaborador voluntário com a Universidade Estadual de Campinas. Suas atuais linhas de pesquisa recobrem interesse por Teoria Literária e Literatura Brasileira, atuando principalmente nas áreas de história da leitura, literatura infantil e/ou juvenil e Monteiro Lobato. É Bolsista Senior do CNPq.
Ouvimos falar tanto, principalmente nós da área da educação, que é necessário desenvolver o gosto pela leitura nas crianças e que a escola é o lugar propício para se estabelecer o contato com os livros literários. Foi partindo dessa demanda que nós começamos a nos perguntar: o que é Leitura Literária? E Literatura Infantil? Como a escola trabalha a leitura literária, na sala de aula e na biblioteca?Por que muitos brasileiros ao formarem não lêem mais?
domingo, 19 de junho de 2011
A leitura literária na escola
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