domingo, 19 de junho de 2011

O livro de bolso

Graça Paulino vem questionar nesse texto o tipo de literatura utilizada no país, onde afirma que poucas são as livrarias no Brasil porque estas são lojas especializadas no comércio de um produto que é dirigido a uma minoria insignificante da população. Onde a grande massa urbana alfabetizada não procura a literatura de livraria, devido à falta de poder aquisitivo e a falta de cultura para este tipo de consumo.
Outra questão indagada para a falta de consumo da literatura de livrarias é a literatura de banca, onde o preço é muito menor, o livro é muito mais fácil de ser lido e carregado e ainda pode ser trocado, depois de lido por outro. Sendo assim essa literatura tem um numero muito maior de adeptos do que os leitores da literatura clássica. Como exemplo disso, a CEDIBRA, que edita o “bolsilivro”, é a responsável por mais de trinta series de sucesso, entre as temáticas estão o faroeste, espionagem, ficção entre outras. Esse tipo de literatura participa do universo da cultura de massas e por isso é grande o numero de leitores.
Muitas são as hipóteses sobre esse leitor de livros e a sua leitura. Uma delas é a de que o leitor dessas obras é um adulto de baixo nível cultural. Outra que a leitura de tais obras tem a finalidade de fuga predominante. Alem de apresentar uma grande dose de violência, com função deslocadora de tensões. Entre as hipóteses, há a que pensa que o livro é logo esquecido, que todo a historia deve acabar bem e que o exótico é preferido ao familiar.
Ao desconhecer trabalhos de campo que tenham testado estas hipóteses, Graça se propôs a orientar vinte e dois alunos do curso de graduação da Faculdade de Letras em uma pesquisa sobre a leitura de livros de bolso em Belo Horizonte, no primeiro semestre de 1980. Onde foi montada uma entrevista com questões que permitissem verificar as hipóteses que foram citadas. Foram entrevistados cinqüenta e cinco leitores habituados a leitura de livros de bolso onde depois da entrevista procedeu à analise de dados.
As conclusões forma que, ao contrario da hipótese citada, a faixa de escolaridade do leitor de bolsilivros varia muito e se estende ao grau universitário. Na maioria dos casos a preferência de leitura é consciente e tendem a não gostar da leitura de outros tipos de livros por acharem os mesmos longos, cansativos e dificies, porem não excluem a leitura de jornais e revistas. Os leitores dessa literatura não se preocupam em fixar as historias que lê, é uma leitura rápida e superficial. O espaço exótico é realmente preferido ao familiar, porque consideram verossímeis em cenários estrangeiros e querem obter a ilusão de uma viagem.
Os leitores de bolsilivro estão satisfeitos com as historias que lêem, concordadno com o final feliz e todo o resto. Eles gostam de encontrar episódios violentos nas narrativas, onde grande parte deles não associam violência das historia à realidade e dizem que nesta , infelizmente, o bandido nem sempre acaba mal. Nota-se que as conclusões da entrevista sobre as hipóteses, apenas a primeira foi negada, as outras se confirmaram. A pesquisa introduz uma nova perspectiva nos trabalhos universitários sobre literatura e contribui para os estudos sobre a teoria da comunicação de massa. Graça conclui chamando nossa atenção, para que não devemos nos desanimar ao confirmar que as obras literárias de tão baixa qualidade sejam tão apreciadas pela maioria que busca na leitura um modo de se alhear aos problemas concretos da vida social, mas que devemos utilizar essa face da historia da literatura de nosso tempo e país como forma de reflexão para subvertê-la à procura de meios para ajudar a formar um novo habito popular de leitura.

REFERÊNCIA:
PAULINO, Graça. Livro de bolso. In: Das leituras ao Letramento Literário. Belo Horizonte: Fae/UFMG E Pelotas: EDGUfpel,2010.

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